Não é novidade que a volta à rotina de trabalho pós-quarentena será muito diferente do
que se tinha antes da chegada da pandemia. O home office está sendo aplicado em boa
parte das empresas e, em muitos casos, tem funcionado bem.
Prova disso é que 40,2% das empresas não trabalhavam com a modalidade antes
da crise e vão adotá-la de forma definitiva quando esse período passar.
O estudo contou com a participação de 122 empresas de vários setores,
localizadas em São Paulo e Rio de Janeiro, e entrevistou em sua maioria,
presidentes, vice-presidentes e diretores que tomam a decisão sobre a
implementação do home office.
45% dos entrevistados vão reduzir o espaço físico pós-crise, sendo que 30% fará
isso devido á experiência de sucesso com o home office implementado
temporariamente durante a crise e outros 15% farão isso por causa dos efeitos
econômicos gerados pela pandemia.
Entre as empresas que reduzirão seu espaço, 23,5% afirmam que o corte será de
10% a 30% do espaço e outras 16,2% dizem que podem cortar até 50%.
O processo que vai acontecer pós-pandemia é o oposto do que o que vinha
acontecendo até então.
“ Nos últimos anos, um outro processo, de maior adensamento do espaço de
escritório estava se desenvolvendo. O que chamamos de ‘open space’, quando
acabaram as salas dos chefes, e mais pessoas ocupam o mesmo ambiente. Agora o
mundo parou e todos estão perguntando como será o escritório do futuro, já que é
certo que mudará”, afirma.
Como resultado desse processo de mudança surge o “Six Feet”, um modelo do que seria
esse novo ambiente de trabalho. Cerca de 10 mil empresas na China em processo de
reabertura dos negócios depois do pico da pandemia. “Estão analisando vários modelos
de retomada dos negócios e isso gerou um manual de boas práticas que vai ajudar as
empresas do Brasil também. Foi nesse contexto, que o modelo de ‘Six Feet’ , que na
verdade é uma medida [equivalente a 1,8 metro], se destacou”,.
Na prática, o nome remete à distância entre as mesas dos funcionários que respeitando
as recomendações das autoridades de saúde. “Esse modelo exige mais espaço físico. Isso
significa que no caso de empresas que não vão aderir ao home office seria necessário um
aumento do escritório para acomodar a mesma quantidade de pessoas sob uma nova
divisão de espaço”.
No ambiente de trabalho hoje, o recomendado é que cada profissional tenha para si
entre sete e oito metros quadrados de espaço. “Em coworkings essa medida cai para
cerca de cinco metros quadrados, e em call centers, por exemplo, pode chegar a três
metros quadrados e meio. O que comprova que muitas empresas terão que se adaptar
com esse novo modelo que exige cerca de 11 metros quadrados por pessoa”. Esse
modelo deve ser implementado por meio de um processo de seis etapas: “Adaptar o
edifício, instruir os colaboradores, controlar o acesso de maneira diferente
(reconhecimento facial ou até liberar entrada), criar plano de distanciamento social
dentro da empresa, reduzir os pontos de toque e intensificar a limpeza da empresa e
comunicar-se com confiança”.
Essa é uma alternativa em estudo, e não a única solução possível. O ideal, seria a mescla
de escritórios, ou seja, as empresas adotam dois a três dias por semana o home office e
implementam o six feet no restante. “Assim, as pessoas podem utilizar um mesmo
espaço que foi reduzido e há uma otimização”,.
Ainda, as empresas podem adotar home office permanente para parte dos times e
manter outros times presencialmente, o que também poderia balancear a equação.
“Mas há o risco de empresas aderirem ao home office e liberar espaço, mas outras
empresas preferirem adotar modelos presenciais e precisarem de mais espaço e
ocuparem esses escritórios vazios. E aí um modelo anula o outro em termos
imobiliários”,.
No entanto, se essa equação acima não funcionar de maneira equilibrada, as empresas
que não implementarem o home office devem aumentar seus espaços físicos seguindo as
recomendações de saúde. E é aí que uma série de dificuldades entram em jogo.
Essa mudança no perfil dos escritórios inclui mais fatores na conta que as empresas
devem fazer durante a crise: além das questões trabalhistas, precisarão rever a parte
financeira e desenvolver estratégias sobre como se adaptar aos novos espaços. “Se a
empresa aderir ao home office de forma permanente, a redução de custos com aluguel do
espaço pode ser uma vantagem. Mas, geralmente, esses contratos imobiliários
corporativos são de longo prazo e, se a empresa quebrá-lo, paga multa. Então, a empresa
não pode fazer essa mudança de uma hora para outra sem custo algum”.
Além disso, esse modelo de escritório do futuro pode sair caro. “As adaptações podem
custar. Os prédios novos podem contar com tecnologia, mas muitos terão que
implementá-las. Principalmente, nesse começo de reabertura os custos serão altos: tem a
limpeza, talvez novos espaços… tudo vai investimento”.
Apesar das dificuldades, as mudanças que estão acontecendo são positivas. “Não temos
como frear e todo mundo vai ter que se adaptar. Com certeza será desafiador, algumas
empresas têm negócios que precisam da presença física, cada companhia vai lidar com
os próprios fatores e cenários internos – para além da pandemia”.
Cordialmente
Litoral Contabilidade
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